quinta-feira, 30 de julho de 2009

Nenê Constantino: Dono da Grande Londrina e Assassino

Pistoleiro acusa Nenê Constantino de encomendar mortes
Publicada em 26/07/2009 às 23h49m





RIO - O "Fantástico" mostrou neste domingo uma gravação da polícia em que um matador de aluguel afirma ter sido procurado por Nenê Constantino, fundador da companhia aérea Gol. Segundo a polícia, o empresário havia contratado pistoleiros para matar o genro que mora em Araçatuba. Seis meses antes de o grupo ser preso, em março de 2007, um pistoleiro procurou o genro de Nenê e pediu dinheiro para não executá-lo. Sem o matador saber, a polícia gravou o encontro, no escritório da suposta vítima. João Marques dos Santos, na época, era funcionário da empresa Planeta, de Nenê Constantino, e contou como o patrão teria encomendado o crime. "Ele disse: 'Ô, Joãozinho'. Ele me chama de Joãozinho. 'Joãozinho, tenho um negócio pra você fazer lá em São Paulo'. Aí eu falei: 'Lá é aonde?'. Ele falou: 'É em Araçatuba'", disse o pistoleiro. O assassino disse que ficou sabendo que a vítima era o genro de Nenê por um outro funcionário da empresa. "Ele falou: 'É o genro dele'", continuou. A conversa foi divulgada semana passada pela revista "Veja". Na gravação, o pistoleiro conta que uma pessoa chamada Vanderlei Gomes da Silva, que seria um homem de confiança de Nenê Constantino, foi quem falou em valores. "Vanderlei que me ligou. Ele falou: 'Tem R$ 60 mil pra você ver o negócio de São Paulo'", disse na conversa. João Marques dos Santos disse que ele e um irmão receberiam R$ 10 mil cada um para contratar um pistoleiro para cometer o assassinato. O matador ganharia R$ 40 mil. Mas depois o próprio irmão de João Marques achou que poderiam ganhar mais dinheiro. "É melhor você tentar entrar em contato com esse doutor Basílio, conversar com ele e avisar pra ele que dá muito mais futuro pra você", falou. Para se certificar de que o pistoleiro não estava mentindo, Basílio e suposta vítima quis ouvir conversas de João Marques com os homens de confiança do sogro, que seriam os articuladores do crime. "Aí, o 'véio' já deu o dinheiro? Seu Nenê já botou o dinheiro? Ah, o dinheiro já está pronto. Só está dependendo do Vanderlei. Ah, tá, tá beleza, aí tu 'dá' um toque, tu 'liga'. É porque o cara está aqui prontinho para ir", disse. O genro de nenê confirma que ouviu a conversa. "Eu ouvi. Não é mentira, não", revelou. Advogado diz que relação de Nenê com os genros é 'amistosa' O advogado de Nenê Constantino, Marcelo Bessa, rebate. - Está se fazendo uma acusação ao seu Constantino com base no depoimento de uma pessoa que diz ser um homicida e que não apresenta nenhuma prova material daquilo que fala. Nós negamos e me parece ser muito claro nos autos que não há qualquer prova nesse sentido - afirmou o advogado. Na versão da polícia, o genro de Nenê Constantino não aceita dar dinheiro ao pistoleiro e marca um novo encontro, um mês depois, em abril de 2007. O "Fantástico" teve acesso com exclusividade a esse novo vídeo. O pistoleiro João Marques, desta vez acompanhado pelo irmão, afirma que Nenê Constantino também queria matar um outro genro, dono de empresas de ônibus em Brasília. "Tu 'sabe' que quem é mais fácil de matar o Eduardo é você, né? Ele falou pra mim. O seu Constantino me falou. Aí eu falei: 'Mas por que, seu Constantino?'. Aí ele falou: 'Porque você anda mais ele aí pra qualquer lugar. Você pede pra ir pra um lugar aí pra te deixar e ele vai. Aí você vai, mata ele e deixa ele lá'", disse. Um ano depois, Eduardo, o outro genro de Nenê Constantino, foi vítima de uma tentativa de homicídio quando saía de uma das empresas de ônibus da família, em Brasília. Um homem que estava na garupa de uma moto disparou cinco tiros contra o carro dele. O empresário não se feriu. Para a polícia, Nenê Constantino planejou o atentado. - Eu conheço o inquérito e não vejo onde a polícia pode se basear pra chegar a essa afirmação. Muito pelo contrário. Eu acredito que não há sequer um único depoimento que aponte o senhor Constantino como possível mandante desse atentado - afirma o advogado de Nenê Constantino. Segundo o advogado, a ralação do empresário com os genros é amistosa: - Uma relação amistosa. Com relação a um dos genros, existe hoje um processo de separação judicial que, obviamente, gera algum tipo de estremecimento, mas não é nenhum estremecimento profundo, nada disso - alega o advogado do empresário. Nenê Constantino está em São Paulo, em tratamento médico Dos oito assassinatos que o pistoleiro diz ter cometido a mando de Constantino, dois foram confirmados pela polícia. De acordo com a investigação, o empresário mandou matar dois homens. O motivo das execuções, segundo a polícia e o Ministério Público, foi a disputa patrimonial. Em 2001, em Brasília, a área de Nenê Constantino foi invadida por dezenas de pessoas. De acordo com a investigação, o empresário mandou um recado para que o grupo deixasse o local, o que não aconteceu. Os líderes do movimento foram mortos. "Eles pegaram e mandaram eu tirar o pessoal de lá. Aí eu falei: 'Não sai, seu Constantino'. Ele falou: 'Mata um deles lá que sai, que eram os dois cabeças'. Aí ele falou que ia me dar R$ 50 mil. Eu fiz e ele não me deu nada", contou João Marques. Além do empresário, também são réus por participação no crime Vanderlei Gomes da Silva, João Alcides Miranda - citados pelo pistoleiro nos vídeos - e o próprio João Marques dos Santos. Segundo o advogado, Nenê Constantino está em São Paulo em tratamento médico. Ainda não existe uma data para o julgamento dele. - Ele é réu como qualquer pessoa em que o juiz, num juízo absolutamente preliminar, aceita ação penal. Mas isso não significa que ele seja culpado. Seu Constantino é vítima, é homem simples e um homem religioso. E quando eu digo isso, apesar de eu não ser, ele sempre acreditou na vida. Então, fica difícil acreditar que ele tenha ordenado a morte de quem quer que seja - diz o advogado de Nenê Constantino.

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